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segunda-feira, 21 de junho de 2010

In memoriam - Para os baloeiros não esquecerem


Espero que os baloeiros se conscientizem

Os pássaros que eu alimento não voltaram mais ao meu jardim, após o incêndio de 19 de junho de 2010, no Morro dos Cabritos, na Lagoa, no Rio de Janeiro.

As garças, os gaviões, as saíras, as cambaxirras, os tizius, os sanhaços não voltaram mais para se alimentar, como faziam todos os dias.

O verde das plantas , que contrastava com a rocha, virou cinza e carvão.

Com o incêndio provocado por balões, uma grande área de mata foi destruida.

Luiz Ramos©
Foto:ramosforest©

domingo, 20 de junho de 2010

Soltar balão é crime



Festas juninas, balões e incêndios

Mês de junho é o mês das festas de Santo Antonio, São João e São Pedro. Costumes sadios como a canjica, o quentão, a maçã do amor, as danças e as fogueiras contrapõem-se ao criminoso costume de soltar balões.

Os balões são lindos, bem feitos e divertem adultos e crianças. Porém, enquanto escrevo sinto o vento com cheiro de fumaça de uma grande queimada no Morro dos Cabritos, relevo que separa a Lagoa Rodrigo de Freitas dos bairros de Copacabana, Botafogo e Ipanema, no Rio de Janeiro.

Ontem, durante o dia, fotografei um lindo balão que caia sobre a Lagoa, trazido pelos ventos (primeira foto). À noite, outro balão teria caído e um grande incêndio se espalhou por todo o Morro dos Cabritos (segunda foto). O local é uma das belas paisagens do Rio de Janeiro, coberta de vegetação, aves e muitas residências.

Quem acompanha meus blogs e minhas fotografias conhece a variedade da fauna e da flora do local. São garças, patos, sabiás, saíras, sanhaços, gaviões, borboletas azuis e borboletas amarelas, entre muitos outros habitantes e visitantes da região.

A tradição das festas juninas, e a beleza das brincadeiras e dos balões não podem justificar o perigo que representa um balão que cai sobre uma floresta, uma casa ou uma indústria. Não podemos esquecer que soltar balão, por sua periculosidade, é uma atividade criminosa e nociva para o indivíduo e para a natureza.

Luiz Ramos da Silva Filho©

Fotos: ramosforest©.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Noites de Junho




ENCANTAMENTO EM JUNHO

As noites do mês de junho são encantadas. Pelo céu cheio de estrelas, pela lua no alto do céu. Pelas festas populares em homenagem aos Santos Antonio, João, Pedro e Paulo.

Durante dez dias, no adro da Igreja Matriz, dezenas de barraquinhas bem organizadas com suas comidas, jogos de pescaria e de argola. O leilão de prendas reunidas pelos organizadores e leiloadas pelo Felipe da Padaria – uma grande demonstração espontânea de como se motiva o cliente e como se apresenta a mercadoria.

- É um belo leitão assado, que acabou de chegar do forno da Padaria. Dez cruzeiros, doze, doze cruzeiros e cinqüenta centavos. Quatorze, para o Doutor Antonio. Quem dá mais? Sintam o cheiro... Quem dá mais? ...
A festa só começava após o retorno da procissão do santo, que era organizada e seguia pelas ruas centrais da cidade, recitando cânticos e rezando o terço:

- Pai nosso...
- Ave Maria...

Durante a procissão, todos seguiam encantados com tudo aquilo, pois havia um ar de misticismo, religiosidade e festividade. As mulheres usavam véus sobre as cabeças. Véus brancos para as solteiras e véus pretos para as casadas e viúvas. Os homens, em geral, usavam paletós e gravatas. O Padre Francisco, italiano, baixinho respeitado, dirigia o cortejo, auxiliado por um grupo de Filhas de Maria e Congregados do Coração de Jesus.

A grande preocupação dos organizadores das procissões e eventos festivos na Igreja era a existência da travessia da Estrada de Ferro Central do Brasil, pois o ramal ferroviário que ligava o Rio de Janeiro a Santos Dumont, em Minas Gerais, passava pelo centro da cidade, com seus três pares de trilhos. Sobre estes trilhos circulavam pessoas, sonhos e riquezas. Pessoas que utilizavam o melhor meio de transporte coletivo, o trem. Sonhos de quem buscava novos horizontes em outras terras, pois os trens chegavam a todos os lugares. Riquezas, pois o minério das terras de Minas já desciam as serras para as siderúrgicas recém instaladas.

Pela cidade passavam dois ramais ferroviários o da Central do Brasil e o da Linha Auxiliar, da Leopoldina. A Linha Auxiliar fazia um percurso distinto, passando por Inema, Werneck, Cavarú, Andrade Costa, Paty do Alferes, Miguel Pereira, entre outras estações, até chegar a Japeri, em direção ao Rio de Janeiro.

Nesta Linha Auxiliar estava a estação do Inema, onde o encantamento do mês de junho chegava ao seu clímax. Em uma capela na localidade, às margens da linha do trem, na noite do dia 23 de junho realiza-se a Festa do Braseiro, em homenagem a São João. Por tradição, um grupo de moradores arma uma fogueira na praça, com barracas de comidas e dança de quadrilha de São João. Um grupo de devotos, à meia noite, espalha as brasas da fogueira e, contritos, passam, vagarosa e confiantes, sobre uma extensão de brasas incandescentes de cerca de cinco metros. Eles passam e retornam pelo mesmo caminho. Sem se queimar. E a festa entra pela noite de São João até de manhã.

É por isso que digo que as noites do mês de junho são encantadas. Por suas estrelas, pela lua no alto do céu. Pelas festas populares em homenagem aos Santos Antonio, João, Pedro e Paulo. Pelas minhas lembranças de menino.

Luiz Ramos©
Foto:ramosforest©

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Desenvolvimento é saber pescar.



Aprender a pescar e não viver do pescado alheio.
Isto é desenvolvimento.
Sem demagogia, sem populismo, com responsabilidade.
Seja na área de petróleo, na área de águas ou na área social.

Royalties de petróleo, de água e distribuição de riquezas nacionais: tema que deve ser tratado com bom senso e critérios técnicos e não com demagogia, populismo e imediatismo, como se tem tratado o caso do petróleo no mar territorial brasileiro.

Veja o Video sobre o tema.

Luiz Ramos
Foto: ramosforest©

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Cristo Redentor restaurado. After restoration - Christ Redeemer view





O Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, restaurado, continua cada vez mais belo.
After restoration, Christ Redeemer sculpture - on Corcovado Hill, in Rio de Janeiro - looks more beautiful. And Nature contibutes to its beauty.



Photos: ramosforest©

domingo, 6 de junho de 2010

O que é poesia?


O que é poesia?(*)

Este nosso Concurso Literário do GO está provocando novas e sérias dúvidas em minha noção do que seja um poema.

O que seria prosa? E poesia? Poesia é só o que apresenta emoção explicita? Só é poesia se falar de amor e sentimentos extravasados ou reprimidos? Só é poesia se a natureza for vista como um mundo encantado e onírico? A preocupação com o técnico e com a técnica desqualifica o poema?

Para tanto, busquei esclarecimentos em pessoas como Bruno Tolentino (citado por José Aloise Bahia) e Marcelo Tápia, em Cronocópios, local na Internet indicado por Ana Guimarães. Pesquisei, também, Ezra Pound, em ABC da Literatura (ed.Cultrix).

Bruno Tolentino considera que, com relação à poesia, não se deve indagar para o que ela serve, nem quais as suas funções. E que “não é provável que a função poética, existindo sempre, desde que existe a fala, tenha sido sempre um engano ou uma perda de tempo. Obviamente não é uma perda de tempo”.

Tolentino cita uma tese sobre os quatro estágios do discurso em Aristóteles que nos ajuda a compreender sobre a natureza da poesia, pois não há outro modo de conhecer o mundo, através da linguagem, senão por meio de uma mitopoética. A retórica, a dialética e a lógica de Aristóteles completam o processo que nos indica como organizar a linguagem de maneira inteligível.

Tolentino considera, ainda, que a poesia vem antes que a prosa como forma de linguagem. “Mas, o espírito de prosa vai aos poucos aparecendo. O espírito de prosa chega muito tarde na humanidade. E já chega quando a humanidade está se tornando repetitiva, redundante e perigosa. Quer dizer, quando o negócio está ficando cada vez mais impositivo, onde há cada vez menos perplexidade diante das coisas, existe cada vez mais certezas e ninguém parece acertar o passo”.

Para Tolentino, não existe civilização nenhuma em que essa mitopoética não tenha se manifestado; que esse primeiro momento de percepção não tenha sido manifestado em linguagem, a poesia, a poiésis do grego - o fazer novo”, que existiu tanto no meio dos chineses como dos hindus; em geral, no meio das grandes civilizações.

Segundo Marcelo Tápia, ao questionarmos a existência da poesia, teremos dois caminhos: ou responder, de imediato, com um simples e indignado “sim”, ou iniciar uma discussão que certamente não cabe nos limites de um texto simples.

Tápia cita que, segundo Ezra Pound os poemas podem ser classificados como “logopéias” - as modalidades de poesia que enquadra os textos analisados naquela categoria em que prevalece a “dança do intelecto entre as palavras”; a “melopéia”, que compreende a prevalência da musicalidade sobre outros aspectos; e a “fanopéia” - quando há prevalência da força das imagens.

Assim, a qualificação de um texto dependeria de uma época ou comunidade, pois o poético é, na verdade, uma estratégia de leitura, uma maneira de ler e, não, um conjunto de propriedades estáveis que objetivamente encontramos em certos textos - conforme Rosemary Arrojo, citada por Tápia.

Pensando em interpretação, construção e desconstrução - conforme Tápia, assim como em Ezra Pound e outros estudiosos, ao ler um texto “poético”, buscamos dimensões de sentido compatíveis com a própria idéia de poema, como a ambigüidade, que pode dar origem a um sentido inesperado, insólito; buscamos um texto em que todos os seus elementos devem ser considerados - conjunto de associações, no processo interpretativo. É possível, assim, alcançar conclusões diversas e também verdadeiras, ao se considerar que não há, do ponto de vista da desconstrução, verdade original ou estável.

É preciso estar preparado para observar os elementos não-verbais do texto, que formam sua estrutura rítmica e sonora. Faz-se necessário buscar no poema mais do que ele quer expressar, para realizar uma sua leitura poética, assim assimilando a função poética da linguagem. A função poética da linguagem compreende a percepção de um contexto com códigos não verbais, como os musicais, os visuais, os gestuais. São as formas, que estão muito além do conteúdo. É preciso ler poesia como poesia, indo além da estética tradicional da prosa.

E, assim, eu continuo buscando, como se me iniciasse lá pela mitopoética, para alcançar a dialética, a retórica e a lógica; para bem entender as logopéias, as melopéias e as fanopéias. E, então começar a compreender o mundo dos poetas.

Luiz Ramos©2008

(*)Texto publicado em 2008 no extinto Globoonliners.

Foto: ramosforest©


terça-feira, 1 de junho de 2010

Quero


Quero

Quero escrever, a caneta falha.
Viver, a vida me atrapalha.
Chorar, eu ainda não consigo.
Reagir, algo se passa comigo.

A caneta falha, eu não consigo escrever.
Busco encontrar coisas, fatos, amigos.
A tinta borra o papel que se rasga.

Atrapalha-me a necessidade de viver.
A sensação de tempo a passar,
De vida vivida e que não voltará.

Não consigo nem mesmo chorar
Chorar é da vida se rebelar?
Ou à sorte talvez se entregar?

Quero escrever, algo se passa comigo
Tudo parece de um tribunal um castigo.
Quando, da vida, essa rima quebrar?

Luiz Ramos©
Foto/Arte:ramosforest©

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