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sexta-feira, 16 de maio de 2008

A Alegria e a Saudade



Blogagem Coletiva Coisas do Brasil

Estação e Museu Ferroviário em Paraíba do Sul - Rio de Janeiro

A Alegria e a Saudade

O povo da cidade com sua religiosidade transformava as festas religiosas em grandes eventos. Foi assim o que ocorreu durante uma semana, por ocasião da visita a Paraíba do Sul, no estado do Rio de Janeiro, da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, em sua peregrinação pelo Brasil, em 1958, creio, vindo diretamente de Portugal. Do mesmo modo, eram marcantes as procissões que encerravam a parte litúrgica do dia dos padroeiros da cidade e as procissões do Encontro e da Sexta Feira Santa, respectivamente na quarta e na sexta-feira da Semana Santa. Marcante e polêmica era a figura do Monsenhor Francisco Acquafreda, pároco da cidade, professor no Ginásio Sul Fluminense e pessoalmente muito influente.

Figuras conhecidas conviviam nessa época no meio católico, como o Neném Sacristão, o Tiãozinho e dona Lourdes, a dona Zulmira, o Macedo barbeiro e muitos outros. Conta-se – inclusive relatado em tom jocoso por próprios parentes – que, durante uma procissão, a grande preocupação era não deixar a multidão aglomerar-se sobre os trilhos do trem na travessia férrea, pois as composições carregadas de minério entravam na curva em velocidade e apitando perigosamente. Por isso, o Neném, que cuidava da organização dos cordões e dos cantos litúrgicos, tentava sempre organizar o inicio da procissão após a travessia férrea, já na praça do Jardim Novo. Porém, por lá passava a jardineira – pequeno veículo coletivo de passageiros que trazia para a cidade as pessoas que moravam em Werneck e Santo Antônio da Encruzilhada e que fazia também o percurso para Três Rios. O pároco tentava controlar tudo, inclusive a organização planejada pelo Neném Sacristão, que acabava ficando muito nervoso.

- Neném, vamos começar os cânticos da procissão. – ordenou o pároco. Neném, olha a jardineira... – gritou nervoso o pároco lá da porta da Igreja.

- Pessoal, vamos, todos juntos: “Ô, jardineira, por que estás tão triste? (*)... – instintivamente começou a puxar a cantoria o nervoso sacristão, enquanto piedosamente o povo tentava esconder o riso.

Luiz Ramos

A todos os meus entes queridos, parentes, amigos, conhecidos de minha cidade natal, do Brasil e de todas as partes por onde passei, e que já se foram.

Eu recordo e canto.

- Ô, jardineira, por que estás tão triste?

O que foi que aconteceu?

- Foi a camélia que caiu do galho, deu dois suspiros e depois morreu...

Vem, jardineira, vem meu amor

Não fiques triste, pois o mundo é todo teu

Porque és muito mais bonita que a camélia que morreu.

(Uma canção dos antigos carnavais. Cantor Orlando Silva Composição: Benedito Lacerda - Humberto Porto)

Este fragmento de conto foi publicado por ocasião do Dia de Finados de 2007.

Luiz Ramos

Foto: ramosforest ©

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