Páginas

Mostrando postagens com marcador Camões. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Camões. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Engenho e arte.


Parece que eu nada sei.

Ou que esqueci o que sabia.


Luiz Ramos©

Photo:ramosforest(c)


Sonetos

Luis Vaz de Camões (*)


Eu cantarei de amor tão docemente,

por uns termos em si tão concertados

que dous mil acidentes namorados

faça sentir ao peito que me sente.


Farei que amor a todos avivente,

pintando mil segredos delicados,

brandas iras, suspiros magoados,

temerosa ousadia e pena ausente.


Também, Senhora, do desprezo honesto

de vossa vista branda e rigorosa

contentar-me-ei dizendo a menos parte.


Porém, para cantar de vosso gesto

a composição alta e milagrosa,

aqui falta saber, engenho e arte.


(*)Sonetos de Camões – Izeti F. Torralvo e Carlos C. Minchillo –Ateliê Editorial – 4º ed. - São Paulo - 2007

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Soneto



Correm turvas as águas deste rio,

que as do céu e as do monte as enturbaram;

os campos florescidos se secaram,

intratável se fez o vale, e frio.


Passou o verão, passou o ardente estio,

uas cousas por outras se trocaram;

os fementidos Fados já deixaram

do mundo o regimento, ou desvario.


Tem o tempo sua ordem já sabida.

o mundo, não; mas anda tão confuso

que parece que dele Deus se esquece.


Casos, opiniões, natura e uso

fazem que nos pareça desta vida

que não há nela mais que o que parece.


Luís Vaz de Camões

(Sonetos de Camões – Ed. Ateliê Editorial 4º. Edição – 2007 – São Paulo)

Foto: ramosforest©

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Alma minha gentil - recordações


Alma minha gentil que te partiste

Luis de Camões


Alma minha gentil, que te partiste

Tão cedo desta vida, descontente,

Repousa lá no Céu eternamente

E viva eu cá na terra sempre triste.


Se lá no assento etéreo, onde subiste,

Memória desta vida se consente,

Não te esqueças daquele amor ardente

Que já nos olhos meus tão puro viste.


E se vires que pode merecer-te

Alguma cousa a dor que me ficou

Da mágoa, sem remédio, de perder-te,


Roga a Deus, que teus anos encurtou,

Que tão cedo de cá me leve a ver-te,

Quão cedo de meus olhos te levou.



Desde minhas primeiras lições sobre Literatura, lá no ginasial, eu tento escrever versos. Para aquela namorada que só eu sabia que era minha namorada – nem ela o sabia; para aquela outra bonitona, que eu nem me atrevia a chamar de namorada; para muitas meninas do colégio ou da minha vizinhança.


Assim, eu tomei por exemplo os clássicos que se me apresentavam naquele então:


Alma minha gentil, que te partiste

Tão cedo desta vida, descontente,

Repousa lá no Céu eternamente

E viva eu cá na terra sempre triste.


Camões e sonetos. Lindo, especial, na medida certa. Mas, era preciso seguir as regras para construir um belo soneto. Não se esqueça do ritmo, das batidas de mão para marcar as sílabas fortes. Tan, tan, tan, tan... tan,tan... tan,tan,tan...


Se lá no assento etéreo, onde subiste,

Memória desta vida se consente,

Não te esqueças daquele amor ardente

Que já nos olhos meus tão puro viste.


Belos versos eu cometi naqueles tempos. Mas não se esqueça da rima. Rima rica, rima pobre – cobrava o professor. Mas, por que rimar, perguntava eu. Não bastaria amar? Não, respondia o mestre. Rimar e amar dá rima pobre, concluía ele.


E se vires que pode merecer-te

Alguma cousa a dor que me ficou

Da mágoa, sem remédio, de perder-te,


Nos clássicos tentei buscar inspiração e na regras de Literatura e redação, a técnica. Figuras disso, figuras daquilo. Sintaxe, literárias, anacolutos, cacófatos, hipérboles. Nem sei mais o que, de tantas que eram. Nos autores, Gil, Camões, Vieira – será que ele amava? – Gonzaga e muitos mais.


Roga a Deus, que teus anos encurtou,

Que tão cedo de cá me leve a ver-te,

Quão cedo de meus olhos te levou.


E o ano escolar passou – rápido; e não foi Deus que cedo de meus olhos a levou. Foi aquele rapaz cabeludo e dono daquela Lambreta vermelha e preta, estudante do 2º. Ano Colegial. Um velho para ela, segundo meu ponto de vista.


Luiz Ramos© 2007


Foto:ramosforest©

sábado, 10 de maio de 2008

Alma minha gentil...


Alma minha gentil...

Desde minhas primeiras lições sobre Literatura, lá no ginasial, eu tento escrever versos. Para aquela namorada que só eu sabia que era minha namorada – nem ela o sabia; para aquela outra bonitona, que eu nem me atrevia a chamar de namorada; para muitas meninas do colégio ou da minha vizinhança.

Assim, eu tomei por exemplo os clássicos que se me apresentavam naquele então:

Alma minha gentil, que te partiste

Tão cedo desta vida, descontente,

Repousa lá no Céu eternamente

E viva eu cá na terra sempre triste.

Camões e sonetos. Lindo, especial, na medida certa. Mas, era preciso seguir as regras para construir um belo soneto. Não se esqueça do ritmo, das batidas de mão para marcar as sílabas fortes. Tan, tan, tan, tan... tan,tan... tan,tan,tan...

Se lá no assento etéreo, onde subiste,

Memória desta vida se consente,

Não te esqueças daquele amor ardente

Que já nos olhos meus tão puro viste.

Belos versos cometi naqueles tempos. Mas não se esqueça da rima. Rima rica, rima pobre – cobrava o professor. Mas, por que rimar, perguntava eu. Não bastaria amar? Não, respondia o mestre. Rimar e amar dá rima pobre, concluía ele.

E se vires que pode merecer-te

Alguma cousa a dor que me ficou

Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Nos clássicos tentei buscar inspiração e na regras de Literatura e redação, a técnica. Figuras disso, figuras daquilo. Sintaxe, literárias, anacolutos, cacófatos, hipérboles. Nem sei mais o que, de tantas que eram. Nos autores, Gil, Camões, Vieira – será que ele amava? – Gonzaga e muitos outros mais contemporâneos.

Roga a Deus, que teus anos encurtou,

Que tão cedo de cá me leve a ver-te,

Quão cedo de meus olhos te levou.

E aquele ano escolar passou – rápido, e não foi Deus que cedo de meus olhos a levou. Foi aquele rapaz cabeludo e dono daquela Lambreta vermelha e preta, estudante do 2º. Ano Colegial. Um velho para ela, segundo meu ponto de vista.

Foto ramosforest ©

LinkWithin

Blog Widget by LinkWithin