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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A ave vive e voa


A ave vive e voa


Quando criança, eu aprendi a ler em uma Cartilha da Editora Melhoramentos. O sistema de aprendizagem era diferente. Não sou tão antigo assim, mas acontece que a partir dos anos 60 ocorreram muitas modificações no aprendizado com teorias, métodos e currículos. A criança aprendia, primeiro, as vogais; depois, juntava vogais com algumas consoantes, até repassar todas as consoantes. Em seis meses, a criança aprendia a ler e escrever de modo consciente, sabendo que “b+a= ba, l+a+ la; ba+la=bala”. Foi assim que “eu vi a uva” e “a ave vive e voa”.

A última lição da Cartilha trazia um texto em versos. Era a glória; a criança já podia abrir sozinha as portas do mundo. O texto da última lição dizia:

“Já no horizonte
surge a manhã
É dia, vamos,
ó minha irmã...”

Não sei o motivo, mas esta lembrança me veio por causa da postagem de um amigo sobre o Coleirinho Erudito. Através de minha janela e do meu pequeno jardim, todos os dias, quando no horizonte surge a manhã, eu recebo também a visita de muitos pássaros. São sabiás, coleiros, cambaxirras, colibris, canários da terra, saíras e o bem-te-vi, maior e dono do território. Alguns cinzentos, outros verdes, azulados. Nesta época do ano, até tucanos e maritacas se juntam aos muitos pássaros que vêm comer das frutas que deixo à disposição deles todos os dias. Durante todo o ano e, principalmente nesta época, Verão, as garças escuras e grandes que fazem ninhos na mata ao fundo parecem se multiplicar e surgem muitos ninhos, alvos e cheios de gritos e de vida. Nesta efervescência de vida, até abelhas da terra chegam para disputar com os pássaros o mel do mamão.

As aves me dão sua companhia fugaz, mas diária, seu canto variado, mas inconfundível. Alguns só chegam aos pares. São casais que chegam para comer e se protegem: um come enquanto o outro vigia; depois revezam. Realmente, os pássaros sentem-se seguros e alguns já não voam ao pressentir a presença de alguém.

Eu creio que, devido à proximidade geográfica, o Coleirinho Erudito seja da mesma ninhada daqueles que vêm comer todos os dias as frutas que deixo no meu jardim. Basta cruzar o Parque da Catacumba, na Lagoa, em direção ao Morro do Corcovado. Eles nem precisam de GPS. Os animais sabem tudo. Até gostam de Bach, de carinho e de frutas.

E eu estou contando tudo isto porque, um dia, eu aprendi em minha Cartilha que “a ave vive e voa”.

Luiz Ramos (c)2007

Foto: ramosforest (c) 
(Estes pássaros me visitam todos os dias)


domingo, 20 de novembro de 2011

Natural










Natural

Aguarda tranquilo,
Predador e caça.
Aguarda alimento,
Tranquilo.
Será caçado.

A natureza segue,
Predador e caça
Tranquilo,
Em vôo sereno.

Luiz Ramos © 2007
Publicado no extinto "Globoonliners"
Foto:ramosforest©

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Getulio Vargas


Getulio Vargas

A Rádio Nacional do Rio de Janeiro, nos anos 40/50/60, era o maior expoente da mídia radiofônica brasileira. Os melhores programas, as melhores novelas, os melhores artistas, todos passavam por seus microfones.

Em 1950, o Brasil vivia a era Vargas, Presidente da República que voltou ao poder por eleição direta após ter sido protagonista da política brasileira entre 1930 e 1945, com revoluções, reformas e populismo.

O inicio dos anos 50 marcou a volta triunfal de Getúlio Vargas, após derrotar nas urnas o Brigadeiro Eduardo Gomes. Slogans fervilhavam e marcavam a cor e o tom da política nacional: “O Petróleo é Nosso”, “O Sorriso do Velhinho”, “A Marmita”, “O Corvo”. No campo partidário, surgiam: “Mar de Lama”, “Anjo Negro”, “Porões do Catete”. Políticos se destacavam: Carlos Lacerda, Getúlio Vargas. Na Imprensa apareciam David Nasser, Revista O Cruzeiro, O Jornal, O Globo, Tribuna da Imprensa.

A Rádio Nacional tinha a melhor programação jornalística radiofônica, com destaque para o Repórter Esso, com seu prefixo musical característico e Heron Domingues, seu locutor.

Pela manhã, a primeira edição do Reporte Esso era às 8.00h. No dia 24 de agosto de 1954, às 7.55h, em edição extraordinária, o Repórter Esso entrou no ar para anunciar:

- O Presidente da República, Getúlio Vargas, foi encontrado morto, em seus aposentos, com um tiro no peito...

Luiz Ramos©

Foto:ramosforest©

A alma do meu jardim


A ALMA DO MEU JARDIM


Perguntam-me o que é a chuva.

Gotas minúsculas de água?

Como pequenas frutas da uva?

Grande chuveiro a lavar mágoas?


Nada disso, respondo e digo.

É como mágico borrifar

De algum duende amigo

Para meu jardim despertar


Após a chuva, o jardim desperta.

Belo cenário para uma criança,

Sua alma radiante e alerta

Mostra mil cores e pujança.


Luiz Ramos©2007

Foto: ramosforest©

domingo, 17 de abril de 2011

Blue Butterfly - Borboleta Azul

The blue point is a butterfly.
O ponto azul é uma borboleta

Pollution, pesticides, insecticides, called fogging insecticides, are doing away with all insects, bees, ants, butterflies.


Blue butterflies, which went down the bush near my house, now no longer appear.


But today, one of them appeared in the woods.
There is still hope

___________________________________________
A poluição, os inseticidas, os formicidas, o chamado fumacê, tudo está acabando com insetos, abelhas, formigas, borboletas.

As borboletas azuis, que desciam da mata próxima à minha casa, já não aparecem mais.

Mas, hoje, apareceu uma delas, na mata.
Ainda há esperança.
Photo:ramosforest(c)

sábado, 22 de janeiro de 2011

A energia vital, solidariedade e cidadania


A energia vital, solidariedade e cidadania

A energia é vital para tudo, a energia do Sol aquece a Terra, nos dá vida, faz germinar e crescer as plantas. A energia não se perde, mas, sim, se transforma. E ela pode ser bem ou mal utilizada. Podemos falar de entropia.

A energia social é vital para toda atividade em grupo. Não só entre humanos, mas também entre animais e plantas, pois, em sentido amplo, há sociabilização mesmo entre animais e plantas. Porém, a energia sociopolítica, de vital importância para o desenvolvimento sadio de um grupo social humano, algumas vezes, parece que se perde no ambiente em que interage e em que deveria se transformar em novas formas de iniciativas e energias. Podemos falar do fenômeno da antropia e de cidadania.

No inicio dos anos 1950, após planejar e construir o represamento do Rio Paraíba do Sul, em um município do estado do Rio de Janeiro, para aproveitamento hidrelétrico, a empresa responsável deu-se conta de que os peixes tinham desaparecido do curso d`água da parte à jusante da represa. Para resolver o problema, resolveu-se repovoar as águas do rio com uma espécie exótica, o dourado. Em poucos anos, o dourado proliferou e acabou por destruir toda a fauna aquática nativa da região e, o mais lamentável, concluiu-se que o dourado não se adaptara ao ecossistema local e estava desaparecendo também. O rio perdeu para sempre grande parte de sua fauna. Aquele rio também passou a receber esgoto doméstico e industrial em suas águas e teve suas margens invadidas por construções irregulares.

Há muitos anos, fala-se e sofre-se com enchentes em Petrópolis. Em 1966, após uma noite de fortes chuvas, a então Avenida 15 de Novembro, hoje do Imperador, amanheceu com aspecto de catástrofe, com muita lama pelas margens do rio que divide a Avenida, muitos ônibus estacionados em toda a extensão possível das ruas do centro da cidade. Com as chuvas da noite anterior, barreiras caíram nas encostas da rodovia federal que corta as serras da região, interrompendo o tráfego entre Minas Gerais, Bahia, Brasília e o Rio de Janeiro. Todos aqueles veículos tentaram encontrar via alternativa, que não existia, devido às mesmas chuvas. Nas primeiras horas da manhã daquele dia do mês de Verão de 1966, em Petrópolis, uma noticia trágica veio chegando aos poucos: mais de duzentas pessoas morreram na cidade por causa das enchentes e escorregamentos de encostas.

As leis naturais, as normas morais, éticas e jurídicas parecem não existir ou são utilizadas em favor de interesses vários, sejam políticos, econômicos ou pessoais. As tradições patrimonialistas, de capitanias hereditárias, que predominam no Brasil, dão a direção a seguir e as prioridades, sejam o populismo, a demagogia, o imediatismo; sejam os interesses partidários, regionais, locais, empresariais.

O mau uso dos recursos naturais está presente e as catástrofes naturais se repetem a cada ano. E a cada novo desastre natural, surgem, nos jornais, a indignação popular legítima e também a indignação dissimulada dos administradores. A energia positiva da solidariedade destaca-se, como agora na tragédia da região serrana do estado do Rio de Janeiro, em janeiro de 2011, porém, essa energia deve se transformar em corrente de fiscalização e cobrança dos administradores de ações eficientes e continuadas após as chuvas de Verão e contra o constante mau uso dos recursos naturais.

Luiz Ramos©

Foto: ramosforest©

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Chuva e responsabilidades


Chove no Rio.

Que Deus nos guarde.

Das chuvas e dos administradores ineficientes.

Aqueles que administram as cidades têm por obrigação ser eficientes e conhecer e administrar os riscos. Quando não se administra a educação, a saúde, a segurança entre outros, o caos se instala.

Responsabilidade e educação. Em seu sentido mais amplo.

Ética para o individuo, o administrador, o político, o empresário.

Responsabilidade, Educação e Ética.

Para isso, faz-se necessário:

- que políticos vejam o Estado como "res publica" e não seu bem pessoal, do qual eles usam e dispõem conforme lhes aprouver.

- que os administradores vejam o Estado como "res publica" e não como bem pessoal do qual podem usar e dispor, sem prestar contas (no civil e no penal, inclusive) por sua administração.

- que o individuo tenha consciência (através da educação) de sua responsabilidade ao escolher seus representantes, cobrar soluções e exercer direitos e obrigações.

- que o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, sem corporativismo, exerçam suas prerrogativas em prol do individuo e da coletividade.

Parece teoria, mas é necessário mudar hábitos e conceitos para começar a modificar a sociedade.

Luiz Ramos© 2011

Foto:ramosforest©


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