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sábado, 26 de julho de 2008

A ave vive e voa - Birds live and fly


A ave vive e voa

Quando criança, eu aprendi a ler em uma Cartilha da Editora Melhoramentos. O sistema de aprendizagem era diferente. Não sou tão antigo assim, mas acontece que a partir dos anos 60 ocorreram muitas modificações no aprendizado com teorias, métodos e currículos.


A criança aprendia, primeiro, as vogais,depois juntava vogais com algumas consoantes, até repassar todas as consoantes. Em seis meses, a criança aprendia a ler e escrever de modo consciente, sabendo que “b+a= ba, l+a+ la; ba+la=bala”. Foi assim que “eu vi a uva” e “a ave vive e voa”.
A última lição da Cartilha trazia um texto em versos. Era a gloria; a criança já podia abrir sozinha a porta do mundo. O texto da última lição dizia:

“Já no horizonte
surge a manhã
É dia, vamos,
ó minha irmã...”

Não sei o motivo, mas esta lembrança me veio por causa da postagem do Ricardo Calmon sobre o Coleirinho Erudito. Através de minha janela e do meu pequeno jardim, todas os dias, quando no horizonte surge a manhã, eu recebo também a visita de muitos pássaros. São sabiás, coleiros, cambaxirras, colibris, canários da terra, saíras e o bem-te-vi, maior e dono do território. Alguns cinzentos, outros verdes, azulados. Nesta época do ano, até tucanos e maritacas se juntam aos muitos pássaros que vêm comer das frutas que deixo à disposição deles todos os dias. Durante todo o ano e, principalmente nesta época, as garças escuras e grandes que fazem ninhos na mata ao fundo parecem se multiplicar e surgem muitos ninhos, alvos e cheios de gritos e de vida. Nesta efervescência de vida, até abelhas da terra chegam para disputar com os pássaros o mel do mamão.

As aves me dão sua companhia fugaz, mas diária, seu canto variado, mas inconfundível. Alguns só chegam aos pares. São casais que chegam para comer e se protegem: um come enquanto o outro vigia; depois revezam. Realmente, os pássaros sentem-se seguros e alguns já não voam ao pressentir a presença de alguém.

Eu creio que, devido à proximidade geográfica, o Coleirinho Erudito seja da mesma ninhada daqueles que vêm comer todos os dias as frutas que deixo no meu jardim. Basta cruzar o Parque da Catacumba, na Lagoa, em direção ao Morro do Corcovado. Eles nem precisam de GPS. Os animais sabem tudo. Até gostam de Bach. E eu estou contando tudo isto porque, um dia, eu aprendi em minha Cartilha que “a ave vive e voa”.

Luiz Ramos
Foto: ramosforest©

segunda-feira, 21 de julho de 2008

As flores do meu jardim




As flores de meu jardim

As flores de meu jardim,
Suaves ou aguerridas,
Todas Coloridas.
Florescem pra mim

Luiz Ramos
Foto:ramosforest(c)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Heveicultura e gavetas virtuais



DIA DE PROTEÇÃO ÁS FLORESTAS FAÇA A SUA PARTE - Visite o blog.


Heveicultura e gavetas virtuais

A Maria Chica gosta de arrumar suas gavetas. Eu também gosto de arrumar meus armários e gavetas periodicamente. Acontece que esses períodos dependem do meu estado anímico, pois, há épocas em que me vem uma vontade grande de mudanças, renovações e inovações. Alguma vez até pensei que fossem ciclos de sete anos, como dizem algumas pessoas.

Assim é que, hoje, resolvi repassar algumas “gavetas” virtuais em meu computador, dentre muitas outras matérias, encontrei uma, de 2004, que anunciava a ajuda que a plantação da borracha (Hevea) daria à agricultura familiar para alcançar a sustentabilidade. O projeto nacional de Sistemas Agroflorestais seria desenvolvido pela Embrapa Solos no ano de 2005, utilizando a seringueira como a cultura principal para alcançar a sustentabilidade da agricultura familiar. Para tanto a cultura da seringueira estaria convivendo com outras plantas, como café, palmito, maracujá, abacaxi, milho, arroz, feijão. O projeto piloto seria realizado no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, que ainda não tinham desenvolvido sistemas de plantio da seringueira. Outros estados, como Paraná, São Paulo, Mato Grosso e Espírito Santo, já possuiriam sistemas florestais relacionados à seringueira associada com outras culturas agrícolas. A seringueira tem sua produção iniciada por volta dos sete anos de sua plantação. Assim, as culturas de outros insumos associados amortizariam o custo da área ocupada.

No estado do Rio de Janeiro existiriam algumas plantações de seringueira, desde os anos 80, segundo a noticia, como no município de Guapimirim, com a produção de coágulo (látex natural colhido da planta). A nível nacional, o projeto da Embrapa Solos trabalhava com 250 mil mudas a serem plantadas em São Paulo, em 15 anos. O objetivo desse projeto seria a redução da importação de derivados da borracha, privilegiando a borracha natural, com mais sustentabilidade. A borracha sintética é derivada do petróleo, um recurso natural não renovável e poluente.

Agora, pergunto-me, como andará esse projeto?

Luiz Ramos

Arte: ramosforest

(Este meu texto foi publicado em 2007 no Globoonliners)

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