O jogo de poder é jogado por dois Exércitos. Um exército luta com as tropas uniformizadas de branco, o mocinho – o meu Exército; o outro, o bandido, com os escuros. Cada um inicialmente tem dezesseis Regimentos:
Um Comandante Geral, um Estrategista, Dois de Inteligência, dois Capelães, dois de Cavalaria e oito Batalhões.
O posicionamento inicial dos exércitos, assim como o formato do campo de batalha é o seguinte:
Os regimentos na linha de baixo e da esquerda para a direita são: Inteligência, Cavalaria, Capelão, Estrategista, Comandante Geral, Capelão, Cavalaria e Inteligência.
Os Exércitos movimentam alternadamente um de seus regimentos, sendo sempre o exército com tropas brancas o primeiro a começar. Um movimento consiste em armar um ataque e tomar o espaço do inimigo, respeitando as regras internacionais do tempo de guerra.
Só a cavalaria pode passar por cima de outros regimentos. Existem diversos movimentos; e um movimento especial em que um exército pode movimentar dois regimentos simultaneamente.
Um exército pode capturar regimentos do inimigo. Para fazê-lo tem de movimentar um de seus regimentos para um território que contenha um regimento inimigo, respeitando as regras de movimentação.
O regimento capturado é retirado do campo de batalha pela Cruz Vermelha Internacional. A captura, no entanto, não é obrigatória. E o jogo termina quando se conseguir capturar o Comandante Geral, ou ocorrer um armistício.
Foi o máximo de conhecimento do assunto que, como leigo, eu consegui assimilar.
Nota: Este texto foi escrito em 2008, resultado de uma discussão sobre estratégias, atividades sociais e Xadrez.
Lembro-me que na casa minha avó - lá onde está o fogão de lenha ao lado do qual se toma o café passado em coador de pano - fritava-se em gordura de porco o pescado que se pegava no ribeirão usando uns balaios – cestos de bambu- grandes. Havia muito lambari, cascudo e outros mais; e todos eram fritos na gordura de porco em panela de ferro no fogão de lenha.
Hoje em dia, a fritura dispensa a gordura de porco devido aos seus efeitos sobre o organismo humano, como o aumento do colesterol e a obesidade. Emprega-se na fritura, hoje, óleos de girassol, de milho, de canola. Mas que o sabor da fritura com gordura de porco era melhor, não há dúvida.
A fritura é uma operação que confere aos alimentos características de odor, sabor, cor e textura de grande aceitabilidade sensorial, dizem os especialistas em alimentação. Costuma-se até estudar o comportamento dos óleos em fritura de imersão intermitente, em cozinhas industrializadas ou não, sob temperatura controlada entre 170ºC e 180ºC, por um determinado período, utilizando muitos litros de óleo para processar muitos quilos de vegetais, como batatas, cenouras, couve-flor, abobrinha e mandioca e outros elementos.
Para se controlar a fritura, o óleo é analisado mediante determinações físicas de absortividade e cor e químicas (acidez e compostos polares). Realiza-se também análise sensorial de aceitabilidade dos produtos. São fixados parâmetros-limite para determinar o descarte do óleo quanto aos compostos polares, aos ácidos graxos livres e média para o teste de aceitabilidade.
Os resultados ao final do período são analisados e com base nos resultados obtidos, pode-se ou não concluir que, apesar do aquecimento do óleo ter levado a alterações hidrolíticas e oxidativas, os parâmetros não atingiram o nível de descarte, indicando que o óleo submetido a essas condições de fritura pode ser usado por muitas horas antes do descarte final. Mas, certamente, após muitas horas ou dias de fritura o óleo deverá ser descartado, como previsto nos estudos realizados.
Tudo isso foi a propósito da fritura dos lambaris e dos cascudos pescados no ribeirão da casa da minha avó. Os pescados fritos eram saborosos; os lambaris, torradinhos, e os cascudos, suculentos. Bons tempos aqueles em que só se fritavam lambaris e cascudos pescados no ribeirão com gordura de porco.
O despertador tocou quando ainda era noite. Pouco depois, os primeiros raios de sol surgiram entre as nuvens no horizonte.Doze horas sem nenhum alimento e o estômago dava sinais de falta de forças para se locomover. Apesar de tudo, conseguiu embarcar para o seu objetivo.
Contornou aquelas águas claras e tóxicas da lagoa e atravessou os túneis que dão acesso à região surreal onde convivem os extremos da pirâmide social local. No alto dos morros, os que se localizam em baixo e, no baixo, os que se localizam no alto da pirâmide social. Pela encosta, o outro lado de outro túnel descortina uma região povoada e cujo ambiente já está deteriorado pela multiplicação de indivíduos da espécie mais predadora e nociva de todos os ecossistemas conhecidos.
A sensação de fome e a ansiedade pelo que ocorrerá em breve atormentam e excitam os sentidos. Sem possibilidade de estacionar no primeiro pátio, a alternativa é seguir adiante, onde há vagas. Um casal, que aguarda ser ascendido também, beija-se como se fossem os últimos românticos do mundo. E todos os que aguardavam a ascensão chegam a seus destinos.
O destino 303, com seus vitrais translúcidos, demonstra que as atividades já foram iniciadas.Um monitor, uma atendente, um paciente, uma lista de pacientes e seus respectivos procedimentos.O terceiro na lista, como segundo a chegar, aguarda. E a fome e a ansiedade aumentam.
O terceiro na lista é o segundo a ser levado para a área de pesquisas. Sem camisa, sem sapatos, com uma vestimenta de linho branco e com um cateter introduzido em veia do braço esquerdo, o terceiro na lista acompanha com o olhar a enfermeira que se afasta, enquanto o técnico especialista se aproxima e o encaminha para o grande laboratório.
Um local espaçoso em que predomina o grande equipamento que se destaca pelo estreito tubo que literalmente engole as pessoas e as digere lentamente. São minutos, quase hora interminável. Uma sinfonia de sons metálicos, compassados, e descontínuos às vezes. Em seguida, sons agudos e ritmados, intercalados por pancadas secas e espaçadas.Um longo silêncio é interrompido por nova onda de sons.Uma sensação de calor invade o corpo através do braço esquerdo. Os sons metálicos, e às vezes desconexos, recomeçam. Como em um terremoto, ondas de sons replicam e invadem a cabeça do indivíduo, imobilizado, que já perdeu a noção do tempo em que parece estar sendo digerido por aquela máquina.
Subitamente, os sons são interrompidos e a constatação é de que não houve uma digestão do individuo pela máquina, mas, sim, uma aplicação de ressonância magnética. E, restaram uma lagoa poluída, uma pirâmide social surreal e túneis que levam a algum lugar ou a lugar nenhum. E, restou também a constatação de que o amor ainda existe e que não há sons que sempre durem, nem mal que nunca se acabe.