Um dia, enquanto tomávamos café passado em coador de pano ao lado do fogão de lenha, lá no Globoonliners,surgiu o Fábio Freitas com seu estilo impar. Ele me pareceu misterioso, mas presente. Foi só no inicio, pois, com o tempo, o Freitas se transformou em um companheiro sempre esperado nos nossos contatos virtuais.
Seus comentários precisos, inteligentes, cultos, ilustravam nossas postagens e enriqueciam os nossos textos. Com o passar do tempo, seu caráter, sua presteza, sua cultura se sobressaíram. Sua admiração pelo pai era enorme. Freitas era um sujeito prestativo, sem dúvida. Um dia, instalei uma Webcam em meu computador, mas a nova tecnologia se recusava a me deixar usá-la. Não dava certo nunca. Foi ai que entraram os conhecimentos do Freitas, e suas dicas me deram a oportunidade de usar a Webcam.
Em outra oportunidade, ele me convidou para participar, em um auditório em Copacabana, de uma leitura de poemas e entrevista com o Ferreira Gullar. Houve um grande desencontro de dia e horário, mas valeu a intenção de ver o poeta e ouvir o Poema Sujo.
Ultimamente, John Lennon, muito admirado pelo Freitas, tinha sido uma constante em suas postagens. Mas, o que ficou do Freitas foi a frase do Millor que ele publicou: “O sol é de quem olha”. Que a luz do Freitas seja nossa, que sempre o admiramos.
Este nosso Concurso Literário do GO está provocando novas e sérias dúvidas em minha noção do que seja um poema.
O que seria prosa?E poesia? Poesia é só o que apresenta emoção explicita? Só é poesia se falar de amor e sentimentos extravasados ou reprimidos? Só é poesia se a natureza for vista como um mundo encantado e onírico? A preocupação com o técnico e com a técnica desqualifica o poema?
Para tanto, busquei esclarecimentos em pessoas como Bruno Tolentino (citado por José Aloise Bahia) e Marcelo Tápia, em Cronocópios, local na Internet indicado por Ana Guimarães. Pesquisei, também, Ezra Pound, em ABC da Literatura (ed.Cultrix).
Bruno Tolentino considera que, com relação à poesia, não se deve indagar para o que ela serve, nem quais as suas funções. E que “não é provável que a função poética, existindo sempre, desde que existe a fala, tenha sido sempre um engano ou uma perda de tempo. Obviamente não é uma perda de tempo”.
Tolentino cita uma tese sobre os quatro estágios do discurso em Aristóteles que nos ajuda a compreender sobre a natureza da poesia, pois não há outro modo de conhecer o mundo, através da linguagem, senão por meio de uma mitopoética. A retórica, a dialética e a lógica de Aristóteles completam o processo que nos indica como organizar a linguagem de maneira inteligível.
Tolentino considera, ainda, que a poesia vem antes que a prosa como forma de linguagem. “Mas, o espírito de prosa vai aos poucos aparecendo. O espírito de prosa chega muito tarde na humanidade. E já chega quando a humanidade está se tornando repetitiva, redundante e perigosa. Quer dizer, quando o negócio está ficando cada vez mais impositivo, onde há cada vez menos perplexidade diante das coisas, existe cada vez mais certezas e ninguém parece acertar o passo”.
Para Tolentino, não existe civilização nenhuma em que essa mitopoética não tenha se manifestado; que esse primeiro momento de percepção não tenha sido manifestado em linguagem, a poesia, a poiésis do grego - o “fazer novo”, que existiu tanto no meio dos chineses como dos hindus; em geral, no meio das grandes civilizações.
Segundo Marcelo Tápia, ao questionarmos a existência da poesia, teremos dois caminhos: ou responder, de imediato, com um simples e indignado “sim”, ou iniciar uma discussão que certamente não cabe nos limites de um texto simples.
Tápia cita que, segundo Ezra Pound os poemas podem ser classificados como “logopéias” - as modalidades de poesia que enquadra os textos analisados naquela categoria em que prevalece a “dança do intelecto entre as palavras”; a “melopéia”, que compreende a prevalência da musicalidade sobre outros aspectos; e a “fanopéia” - quando há prevalência da força das imagens.
Assim, a qualificação de um texto dependeria de uma época ou comunidade, pois o poético é, na verdade, uma estratégia de leitura, uma maneira de ler e, não, um conjunto de propriedades estáveis que objetivamente encontramos em certos textos - conforme Rosemary Arrojo, citada por Tápia.
Pensando em interpretação, construção e desconstrução - conforme Tápia, assim como em Ezra Pound e outros estudiosos, ao ler um texto “poético”, buscamos dimensões de sentido compatíveis com a própria idéia de poema, como a ambigüidade, que pode dar origem a um sentido inesperado, insólito; buscamos um texto em que todos os seus elementos devem ser considerados - conjunto de associações, no processo interpretativo. É possível, assim, alcançar conclusões diversas e também verdadeiras, ao se considerar que não há, do ponto de vista da desconstrução, verdade original ou estável.
É preciso estar preparado para observar os elementos não-verbais do texto, que formam sua estrutura rítmica e sonora. Faz-se necessário buscar no poema mais do que ele quer expressar, para realizar uma sua leitura poética, assim assimilando a função poética da linguagem. A função poética da linguagem compreende a percepçãode um contexto com códigos não verbais, como os musicais, os visuais, os gestuais. São as formas, que estão muito além do conteúdo. É preciso ler poesia como poesia, indo além da estética tradicional da prosa.
E, assim, eu continuo buscando, como se me iniciasse lá pela mitopoética, para alcançar a dialética, a retórica e a lógica; para bem entender as logopéias, as melopéias e as fanopéias. E, então começar a compreender o mundo dos poetas.
Nota: O texto a seguir representa minha visão do Encontro de Pensadores da Web, de 2007, no Rio de Janeiro, e foi publicado no extinto Globoonliners, da Globo,no Portal G1, em novembro de 2007.
Meninos, eu vi...!! O “caldo” dos organismos unicelulares, o enxame de abelhas e o grunhido dos ancestrais.
Hoje, eu ouvi a Beatriz Martins falar sobre como gerar qualidade na Web Participativa, com o público colocando a informação e o especialista monitorando o fluxo de informações.O Aloy Jupiara falousobre o HoMyNEWS esobre exemplos de quebra do paradigma da comunicação. E, ainda, informou que a Infoglobo transformou-se em produtora de conteúdo e transmissora de conteúdo por diversas formas, nas quais o usuário participa. Ouvi, também, o Aloy falar sobre a noção de Comunidade e se referir à figura da “Colméia e a Abelha”, ao falar da Web 2.0 e dizer que “o enxame guia a colméia”.E, que o jornalismo deve ser repensado.
O Nilton Bahlis dos Santos falou sobre “Gestão de Conteúdo” com a sociedade controlando, como mediador, pois, os especialistas têm seus interesses, as pessoas que estão interessadas têm interesse que dê certo. Como ele disse, a plantaresulta de organismos unicelulares e é o “caldo”que propicia a reunião das células”. O mesmo ocorre nas comunidades virtuais e é o chamado Processo Emergente.
Segundo Bahlis, Web 2.0 compreende o emprego de máquinas no processo de comunicação. O conhecimento pode ser visto em seus aspectos tradicional e web, e, atualmente o sistema de mediação está sendo questionado, pois o “caldo” formado do movimento dos organismos unicelulares cria comunicação entre as partes.
O Henrique Antoun falou sobre os sistemas complexos adaptativos e o sistema de retroalimentação. E exemplificou, dizendo que a Web compara-se a um avião – queima etapas; a Internet é como a ferrovia – todas as estações são iguais, pois o trem passa necessariamente por todas elas. O Blog e as comunidades seriam a reunião de interesses diversos. Vale recordar que ”o enxame guia a colméia”, mas o sistema baseia-se em coisas anódinas, fáceis de vender, e que pode existir a alternativa especial. É a inovação, pois, no Blog, o leitor quer algo diferente do noticiário tradicional.
O importante é seguir as novas teorias e nomenclaturas, para acompanhar e evolução da Plataforma do Conhecimento, pois PROSUMERS são os produtores/ consumidores de informações nessa nova plataforma, somos nós, os Globoonliners, eu acrescento.
Marcos Cavalcanti comentou sobre o pensador e o fazedor de Web, que devem considerar o Bem Comum ao participar de fases de execução de Políticas Públicas, e fugir de lugares comuns e de estudos sobre “sexo dos anjos”.
O Robson Santos explanou sobre a Ergonomia dos processos na Web.
Importante a exposição feita pelo Carlos Nepomuceno, referindo-se a História da Comunicaçãoe a Plataforma do Conhecimento, desde a expressão rudimentar oral, passando pela escrita; a leitura – baseada em manuscritos e tipografia; a digitação – com o computador, em 1940; com a Rede – a Internet, em 1994; e a atual fase de Web Participativa.
Assim a Web 2.0 é a plataforma da comunicação de muitos para muitos, uma comunicação de massa.Apesar disso, o universo de usuários da Web é movido por 20% dos usuários – os produtores, enquanto os 80% restantes são simplesmente usuários.
Os modelos de Rede, segundo Carlos Nepomuceno, historicamente, compreendem:
Gestão de conteúdo sem comentários (sites atuais);
Gestão de conteúdo com comentários (Globo Online);
Gestão com Blogs e Comunidades (Globoonliners); e
Gestão de Pessoas; Documentos Wikis (Wikipédia).
Foi assim, meus amigos do GO, que eu, Luiz Ramos Filho e o Carlos Junior participamos do Primeiro Encontro Regional sobre Pensadores de Web, realizado no dia 10 de novembro de 2007, na ESPM, no centro da cidade do Rio de Janeiro, com o objetivo de discutir sobre a necessidade de criar no Rio de Janeiro, um centro de excelência sobre Web 2.0. E nós, do GO, como pioneiros – produtores/usuários, certamente estaremos inseridos nesse contexto. Com idealismo, sem disputas, com solidariedade.
Nós, do GO, fazemos parte do futuro da Web – o Conhecimento do futuro.