Parece que eu nada sei.
Ou que esqueci o que sabia.
Luiz Ramos©
Photo:ramosforest(c)
Sonetos
Luis Vaz de Camões (*)
Eu cantarei de amor tão docemente,
por uns termos em si tão concertados
que dous mil acidentes namorados
faça sentir ao peito que me sente.
Farei que amor a todos avivente,
pintando mil segredos delicados,
brandas iras, suspiros magoados,
temerosa ousadia e pena ausente.
Também, Senhora, do desprezo honesto
de vossa vista branda e rigorosa
contentar-me-ei dizendo a menos parte.
Porém, para cantar de vosso gesto
a composição alta e milagrosa,
aqui falta saber, engenho e arte.
(*)Sonetos de Camões – Izeti F. Torralvo e Carlos C. Minchillo –Ateliê Editorial – 4º ed. - São Paulo - 2007
4 comentários:
Esquecer e recunduzir - parece esse um segredo quase sempre ingógnito, em que pese o soneto de Camões. "Parece que eu nada sei. Ou que esqueci o que sabia" me avalia um ótimo caminho.
Abraço
Oi Ramos,
Há quanto tempo! Obrigada pela visita.
Quando a mente assim se desencadeia, é sinal de que o coração se encontra bem. Como estado de sublimação perante aos encantos do amor.
Um abraço,
Ana Lúcia.
Um poema de Camões...versos que cantam "engenho e arte"...até parece que nada sabemos! Apreciemos...
1 Bj*
Luísa
Esquecer é o melhor engenho, a arte que nos faz seguir adiante. Entre saber algo e saber nada a diferença é minúscula, ínfima. A diferença está em ser ou não ser. Pois não? Abrção.
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