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domingo, 15 de junho de 2008

ENCANTAMENTO EM JUNHO

Traditional Festival on June to St. John homage. From XVIII Century European Courts.
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As noites do mês de junho são encantadas. Pelo céu cheio de estrelas, pela lua no alto do céu. Pelas festas populares em homenagem a Santo Antonio, São João, São Pedro e São Paulo.


Fogueira de São João

Durante dez dias, no adro da Igreja Matriz, dezenas de barraquinhas bem organizadas com suas comidas, jogos de pescaria e de argola. O leilão de prendas reunidas pelos organizadores e leiloadas pelo Felipe da Padaria – uma grande demonstração espontânea de como se motiva o cliente e como se apresenta a mercadoria.

- É um belo leitão assado, que acabou de chegar do forno da Padaria. Dez cruzeiros, doze, doze cruzeiros e cinqüenta centavos. Quatorze, para o Doutor Antonio. Quem dá mais? Sintam o cheiro... Quem dá mais? ...


Tradicional braseiro de São João

A festa só começava após o retorno da procissão do santo, que era organizada e seguia pelas ruas centrais da cidade, recitando cânticos e rezando o terço:

- Pai nosso...

- Ave Maria...

Durante a procissão, todos seguiam encantados com tudo aquilo, pois havia um ar de misticismo, religiosidade e festividade. As mulheres usavam véus sobre as cabeças. Véus brancos para as solteiras e véus pretos para as casadas e viúvas. Os homens, em geral, usavam paletós e gravatas. O Padre Francisco, italiano, baixinho respeitado, dirigia o cortejo, auxiliado por um grupo de Filhas de Maria e Congregados do Coração de Jesus.

A grande preocupação dos organizadores das procissões e eventos festivos na Igreja era a existência da travessia da Estrada de Ferro Central do Brasil, pois o ramal ferroviário que ligava o Rio de Janeiro a Santos Dumont, em Minas Gerais, passava pelo centro da cidade, com seus três pares de trilhos. Sobre estes trilhos circulavam pessoas, sonhos e riquezas. Pessoas que utilizavam o melhor meio de transporte coletivo, o trem. Sonhos de quem buscava novos horizontes em outras terras, pois os trens chegavam a todos os lugares. Riquezas, pois o minério das terras de Minas já desciam as serras para as siderúrgicas recém instaladas.

Pela cidade passavam dois ramais ferroviários o da Central do Brasil e o da Linha Auxiliar, da Leopoldina. A Linha Auxiliar fazia um percurso distinto, passando por Inema, Werneck, Cavarú, Andrade Costa, Paty do Alferes, Miguel Pereira, entre outras estações, até chegar a Japeri, em direção ao Rio de Janeiro.

Nesta Linha Auxiliar estava a estação do Inema, onde o encantamento do mês de junho chegava ao seu clímax. Em uma capela na localidade, ás margens da linha do trem, na noite do dia 23 de junho realiza-se a Festa do Braseiro, em homenagem a São João. Por tradição, um grupo de moradores arma uma fogueira na praça, com barracas de comidas e dança de quadrilha de São João. Um grupo de devotos, à meia noite, espalha as brasas da fogueira e, contritos, passam, vagarosa e confiantes, sobre uma extensão de brasas incandescentes de cerca de cinco metros. Eles passam e retornam pelo mesmo caminho. Sem se queimar. E a festa entra pela noite de São João até de manhã.


Danças tradicionais juninas

É por isso que digo que as noites do mês de junho são encantadas. Por suas estrelas, pela lua no alto do céu. Pelas festas populares em homenagem aos Santos Antonio, João, Pedro e Paulo. Pelas minhas lembranças de infância.

Foto: Festa do Braseiro em Inema © (ramosforest)

9 comentários:

Madalena Barranco disse...

Olá querido Luiz, as festas juninas vistas pela suas crônicas ganham encanto especial. Eu gosto muito dessa tradição - que me levava a dançar quadrilha nos primeiros anos da escola - isso sem falar nas batatas doces assadas - huuum! Beijos. P.S. fiquei sem computador por mais de uma semana e estou meio atrasadinha para as visitas - me desculpe).

Marcos Santos disse...

Já comentei la no blog de fotos e vou repetir aqui.

Nós montávamos a fogueira, colocando na terra fofa, sob a pilha de madeira, batata doce e pedaços de cana.
Quando a fogueira começava a extinguir-se, nós cavucávamos a terra e retirávamos aquelas delícias, com as cascas em brasa, mas com o interior delicioso.

Esses sabores e odores não me saem da memória.

Luma Rosa disse...

Hum...essa época é boa pra comer pinhão também!!
Ah!Dorei! Como narrou as festividades! Eu participava quando morava em Minas, agora até as procissões minguaram das ruas.
Boa semana! Beijus

abueloscrisytoño disse...

La noche de S. Juan tambien es una noche májica para nosotros, ya te contare, un saludo A.Cris

abueloscrisytoño disse...

Amigo Luiz,tengo que decirte que no eres un niño distraido, por lo tanto aprobado y con nota, si pasas por mi blog veras las respuestas.
Un saludo, A.Cris

Joice Worm disse...

Grande reportagem Luís. Aí no Brasil, eu adorava o São João. Aqui na Europa, juro que nem o vejo passar... Nada como as tradições!

Daniel J Santos disse...

excelente, bom post.

Deusa Odoyá disse...

Oi minha nova e estimada amiga Madalena Barranco.

Passei para conhecer seu blog, adorei .
Muitas vaiedades. Adorei suas festas juninas e sua homenagem a uma tia, que foi muito importante em sua vida.

Parabéns pelo blog.

Te aguardo no meu cantinho.


Sua amiga.

Regina Coeli.

Raquel disse...

Ai que delicia que sao essas festas, eu tenha muita saudades!!!
Sempre bom visitar seu cantinho!

besitosss

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