Atendendo ao chamado da Luma, do blog “Luz de Luma, yes party!, deixo aqui o meu texto sobre minha cidade natal:
“Há algum tempo que a escravidão acabou e o regime republicano substituiu a monarquia, porém, muito pouco mudou na vila de Paraíba do Sul. Na verdade, parece que a agora cidade tinha mais vocação para a monarquia, visto que a onda de progresso econômico e cultural notado nos anos do meio do século já mostra sinais de decadência. Antes, a vila era ponto de atração para advogados, pintores, médicos e artistas de teatro, inclusive os estrangeiros que vinham por estas terras a convite do Imperador. Cientistas, artistas e pintores se instalavam nas fazendas sob os auspícios do Imperador que incentivava as artes e as ciências. O caminho para Minas fazia da vila um importante ponto de ligação entre as riquezas das Minas Gerais e a Corte. Um teatro existe, um jardim foi erguido próximo aos Hotéis da Barreira e Universal. Um jardim, com palmeiras, esculturas clássicas em mármore e desenho europeu, foi projetado na Vila.”(*)
Hoje, fevereiro de 2010, 150 anos depois do surgimento da cidade de Paraíba do Sul, no estado do Rio de Janeiro, as ruas da minha cidade natal estão desfiguradas pela modernidade, casarios antigos foram derrubados, mansões imponentes deram lugar a supermercados, monumentos a figuras desconhecidas pelo seu povo foram erguidos, ruas de paralelepípedos se transformaram em asfalto, que impermeabilizou o solo e o senso estético do cidadão.
Luiz Ramos da Silva Filho© 28 de fevereiro de 2010
(*)Trecho do conto “Além dos Rios da Vida”, de Luiz Ramos da Silva Filho ©, ainda não publicado.
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