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segunda-feira, 17 de março de 2008

O FOGÃO DE LENHA E A ÁGUA PARA O CAFÉ - WATER AND THE COFFEE

Blogagem coletiva

Havia um fogão de lenha sempre aceso e uma vasilha com café passado em coador de pano na casa onde eu nasci, lá no Rio Abaixo. Esse é o nome do lugar em que eu nasci e, hoje, eu nem sei se trocaram o seu nome.

É verdade. Por desrespeito às tradições ou por algum motivo que eu ignoro, as pessoas gostam de dirigir ou direcionar os costumes e tradições populares. Do mesmo modo, as pessoas gostam de se fazer de onipotentes e decidir o que é melhor para os lugares, segundo seus pontos de vista, desconsiderando as tradições, os costumes e as leis da Natureza.

Um dos fenômenos de intervenção humana no meio natural que mais me chocam e preocupam é o uso dos cursos d’água para lançamento de rejeitos industriais, líquidos e sólidos, bem como o lançamento de esgotos urbanos sem tratamento adequado. Além disso, preocupa a falta de conscientização dos lavradores que lançam, direta e indiretamente, metais pesados usados na lavoura - como defensivos agrícolas, nos córregos e rios próximos de suas lavouras.

Já nem nos damos conta de que rios e córregos são vitais para a vida e os ecossistemas, pois, por séculos, esses cursos d’água foram tratados como fonte de água potável, mas também como ponto de despejo de toda sorte de elementos poluentes. Enquanto a população era relativamente pequena, o problema não se apresentava tão grave.

No rio que deu nome ao lugar onde eu nasci, havia uma enorme variedade de peixes, às suas margens viviam muitos animais terrestres, aves diversas e as matas ciliares dominavam toda a paisagem e nos davam sombra durante as divertidas pescarias do meu tempo de criança. É preciso que nos conscientizemos dos aspectos mais variados de um rio ou córrego, tais como a história e a cultura, ademais dos aspectos sanitários, de recreação e de lazer.

Para mim, tão vital quanto não esquecer daquele fogão de lenha com o café passado em coador de pano da minha infância, é ter sempre presente que os cursos d’água não são apenas canais que transportam aquele líquido aparentemente abundante, mas, sim, parte de um complexo sistema natural que deve ser protegido contra lixo, esgoto, contra erosão e contra pesca predatória e contra o uso excessivo do recurso hídrico.

Faz-se necessário revitalizar os rios e córregos como fazemos com nossas lembranças da infância, para nos mantermos vivos e com qualidade de vida, pois, como nossas lembranças, ÁGUA É VIDA.

Luiz Ramos

Foto: ramosforest

5 comentários:

♥ Denise BC ♥ disse...

Luíz
É pouco comum achar aqui no Brasil um rio, córrego ou qualquer espelho d'água que não esteja sendo alvo do mau uso, tanto como fonte de vida do ecossistema como até mesmo, servindo de depósito de descarte de lixo sólido ou líquido. O descaso das autoridades e a falta de educação ambiental, vem deteriorando cada vez mais nosso patrimônio natural.
Bjs,
Denise BC

Liliane Araujo disse...

E a intervenção do Ministério Público nessas questões... Os termos de ajuste de conduta... Deus do céu.

Abraço. ;)

Unknown disse...

Que delícia ter um fogão a lenha sempre aceso e um café quente como lembrança!

Temos que cuidar desse mundão, senão, já viu, né?

Anônimo disse...

Luiz
Que bacana. Também fiz um novo blog aqui no blogger.

Descolada disse...

Soube que a torre de Londres, moradia da nobreza britânica, lançava seus dejetos no rio Tâmisa.
Quase 500 anos e ainda fazemos o mesmo....
É como varrer a sujeira para debaixo do tapete.
Quanto tempo ainda para aprendermos????
Tem que começar nas salas de aula, em casa, nos condomínios, vilas...

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