Meus desejos explícitos
Gosto de escrever como meio de me comunicar com pessoas, intercambiar idéias e momentos. Mas, o prazer do texto é jamais se desculpar, jamais se explicar, dizem.
Escrevo com prazer. Mas nem sempre, pois, algumas vezes, vejo-me na obrigação de abrir um canal de comunicação com o mundo exterior, por educação, por comodismo, por necessidade de afirmação, por outras mil razões, as quais eu poderia passar o dia a enumerar.
Algumas vezes, eu tenho um assunto importante para repercutir. Uma campanha de cunho social, como o lábio leporino; ou um evento de vital importância para a qualidade de vida das pessoas, da plantas, dos animais, como o Fórum sobre Educação Ambiental recentemente realizado no Rio de Janeiro. E eu fico sem saber quem me leu, pois os comentários são poucos ou nenhum mesmo.
Será que minha fruição e minhas escritas dão prazer aos meus desejados leitores? Será que eu não consigo mais me identificar com meus já tradicionais e queridos leitores/escritores? Por onde anda nossa tão desejada interação? Todo relacionamento pressupõe troca, eu bem o sei. Será que eu estou negligenciando em meus contatos, leituras e visitas a espaços de literatura?
Quando se trata de redes de intercâmbio de fotografias de animais, paisagem, fenômenos meteorológicos, flores e outros mais, a receptividade é mais explícita. Minha técnica fotográfica se esmera cada dia mais; os comentários em minhas postagens são prazerosos e cheios de cumplicidade. Isso é fruição e “escrita visual”, por imagem.
Não quero concluir que eu estou a escrever sem fruição, sem desejar meus leitores; só tagarelando. Nesses meses de Inverno, temo concluir que meus textos estão frígidos, sem provocar a formação do desejo e a neurose, como diz Roland Barthes*
Luiz Ramos©
(*) - Roland Barthes, "O Prazer do Texto"- ed. Perspectiva, trad. J. Guinsburg, São Paulo, 2008.
Foto: ramosforest©