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segunda-feira, 27 de julho de 2009

Meus desejos explícitos



Meus desejos explícitos

Gosto de escrever como meio de me comunicar com pessoas, intercambiar idéias e momentos. Mas, o prazer do texto é jamais se desculpar, jamais se explicar, dizem.

Escrevo com prazer. Mas nem sempre, pois, algumas vezes, vejo-me na obrigação de abrir um canal de comunicação com o mundo exterior, por educação, por comodismo, por necessidade de afirmação, por outras mil razões, as quais eu poderia passar o dia a enumerar.

Algumas vezes, eu tenho um assunto importante para repercutir. Uma campanha de cunho social, como o lábio leporino; ou um evento de vital importância para a qualidade de vida das pessoas, da plantas, dos animais, como o Fórum sobre Educação Ambiental recentemente realizado no Rio de Janeiro. E eu fico sem saber quem me leu, pois os comentários são poucos ou nenhum mesmo.

Será que minha fruição e minhas escritas dão prazer aos meus desejados leitores? Será que eu não consigo mais me identificar com meus já tradicionais e queridos leitores/escritores? Por onde anda nossa tão desejada interação? Todo relacionamento pressupõe troca, eu bem o sei. Será que eu estou negligenciando em meus contatos, leituras e visitas a espaços de literatura?

Quando se trata de redes de intercâmbio de fotografias de animais, paisagem, fenômenos meteorológicos, flores e outros mais, a receptividade é mais explícita. Minha técnica fotográfica se esmera cada dia mais; os comentários em minhas postagens são prazerosos e cheios de cumplicidade. Isso é fruição e “escrita visual”, por imagem.

Não quero concluir que eu estou a escrever sem fruição, sem desejar meus leitores; só tagarelando. Nesses meses de Inverno, temo concluir que meus textos estão frígidos, sem provocar a formação do desejo e a neurose, como diz Roland Barthes*

Luiz Ramos©

(*) - Roland Barthes, "O Prazer do Texto"- ed. Perspectiva, trad. J. Guinsburg, São Paulo, 2008.

Foto: ramosforest©

6 comentários:

chica disse...

É interessante isso. Como de repente em minha vida passei a escrever, faço parte de um local onde se encontram pessoas que escrevem muito bem, grandes poetas, uns com vários livros publicados até os apenas gostam de escrever e por isso lá estão. Eu faço parte pois gosto de escrever e é uma terapia pra mim.Mas tenho verificado e não sei explicar o fato de aqueles a que me referi antes, os grandes, terem poucas leituras em proporção ao seu mérito. É algo estranho, acho que de empatia, de astral. `Penso que por isso, nem devemos encucar, se vamos ser lidos por A ou por B, desde que estejamos sentindo prazer em escrever. Então já teremos a nossa fruição, se essa puder se juntar à dos outros, melhor!
Eu gosto muito de te ler e fiquei muito feliz em te conhecer. Esse Quiosque me proporcionou boas leituras.Isso apenas acrescenta! um abração,tudo de bom,chica

João Esteves disse...

Pois é, colega Ramos.
Venho lá do Quiosque, onde atendi sua convocação para aqui vir e aqui estou.
Funciona, então. Só tenho motivos pra acreditar que sim pois estou vendo funcionar com meus próprios olhos, de pertinho, participando inclusive.
Existe também essa estratégia de visitar muitos blogs, deixar comentários em muitos bloneles e aguardar o retorno.
Que alguns lhe retribuirão a visita é certo. Isto é de bom tom. Agora, que não serão mesmo todos os seus visitados, acho igualmente certo. Assim se dá comigo.
Acho coisa de gosto muito discitível ao blog dos outros, mesmo quando amigos ou conhecidos, explicitamente só pra "vender o próprio peixe", muita vez deixando bem claro que seja qual for o conteúdo ali publicado não é de interesse, não foi nem nunca será lido. Já fizeram bastante disso comigo, e é claro que eu achei coisa de mau gosto, mesmo.
Ainda visito vários blogs e leio muitos conteúdos, para fazer comentários pertinentes, deixando inequívoco que pelo menos a última postagem foi de fato lida e todos os etcéteras decorrentes. Dessa forma, sempre obtenho algum retorno, mas nunca de cem por cento. Não há qualquer garantia.
Mas o fato de visitar blogs de amigos e lá deixar comentários me dá alguma visibilidade relativa. Com isto eu conto.
Há muitas idéias mais sobre como divulgar seu blog, algumas pessoas estão, ao que parece, bastante atentas.
Sim, sinto uma pontinha inevitável de frustração quando vejo que ninguém ou praticamente ninguém leu uma coisa qualquer que eu tenha escrito e publicado na blogosfera.
Não ter notícia nenhuma de apreciação expressa em comentário, ver o número de visitas andar lento demais ou parecer parado, isto traz uma certa sensação de abandono, de inutilidade dos melhores esforços, e é fortemente desincentivador pra quem cria, pra quem deseja mostrar seja lá o que for.
Quem escreve e publica o faz para que se leia. Não compreendo que assim não seja. É o caso de todos nós.
Forte abraço.

Unknown disse...

A questão da resposta ao texto, não depende exatamente da qualidade dele. Depende do assunto, do dia, da disposição.
Eu tenho observado que a principal disposição do leitor é a de se divertir. Entreter-se ao ler. A vida 'lá fora' já é terrível o suficiente. A maioria não quer mais preocupação, quer é mais diversão. Talvez seja uma forma de escapismo, não sei dizer. Quero ressaltar que sua escrita é sempre boa, e interage; a resposta é uma outra questão. Concordar, é difícil, pois resta pouco a dizer, só um : legal! E as pessoas preferem deixá-lo como tácito. Tente escrever sobre algum ponto nevrálgico, nazismo, judaísmo, religão, feminismo e verá como a resposta discordante aumentará e muito. Como voce mesmo diz, essa é uma conversa numa tarde de inverno, num momento cinzento, nada além. Jamais frígido. Você tem muitos leitores assíduos, estou certo disso. Abraços.

Anônimo disse...

Querido amigo Luiz

Você escreve muito bem , é criativo e aborda assuntos interessantes.
Acredito que os leitores mudem, os meus mudaram muito, os que ficaram, os antigos, são poucos,mas sempre fiéis, como você por exemplo.
Um forte abraço e por favor nunca decepcione a madrinha aqui, não pare de escrever nunca.
um abraço

Rose

☆Lu Cavichioli disse...

Querido Luis, todo esse texto retrata nosso impulso de querer ser aceito. Seja na vida real, vitual ou seja lá onde for.

Neste caso em particular, o de escrever e ser lido , afeta-me diretamente sabe? Há quem diga que primeiro se escreve para si e só depois para o outro. Mas é curioso isso. Eu quando escrevo,nem penso muito em mim, penso de como o leitor vai reagir diante do que escrevi.
Cada um tem uma maneira de ser.

Há inúmeras vertentes na net, como voce bem o disse e o faz. Fotos e outros, além da escrita. E creio, as pessoas sempre procuram o que mais gostam e ali se fixam.

Melhor seria se fossemos todos versáteis e domo de mil visões. Mas o ser humano é limitado e por vezes egocêntrico.
Mas devo acrescentar meu bom amigo, vc foi um de meus neo amigos que conquistou minha atenção e amizade, como tantos que hoje fazem parte de minha vida literária. E isso faz de mim uma apendiz de fazer amigos.

Meu beijo e carinho.

Vicky MundoAfora disse...

Ramos, a questao do público num blog é um pouco complicado, mas acredito que mais fácil do que o antigo tradicional livro editado. Mais fácil porque na internet se encontram todos os públicos e todos os gostos num mesmo meio, porém mais difícil porque temos que descobrir onde está esse público interessado no que escrevemos. Se voce tem um tema mais definido fica mais fácil, mas quando tocamos em assuntos vários, precisamos de ajuda.

Eu tenho meu blog há muitos anos. No início nao existiam várias das ferramentas que tenho hoje. Os comentários eu só inclui no blog em 2005 porque antes nao sabia como. Um dia mudei meu template e perdi todos os comentários. E olha que o primeiro comentário que recebi foi um choque, nao tinha meu blog em lugar algum, nao existiam essas comunidades que existem hoje, e sinceramente, achava que ninguém lesse nada do que escrevia.
Textos de qualidade sao pouco lidos - isso é impressao minha, do que EU classifico como qualidade. Mas por conta de "atividades de marketing" muitas vezes tenho que visitar vários blogs novos, e nao consigo gostar ou achar interessante uns 80% do que leio. E normalmente esses blogs "ruins" tem 5 ou 6 vezes mais público do que eu. Sinceramente, esse é o público "créu", que gosta de baixaria, e agradeco se continuarem longe do que escrevo. Quero meu público interagindo comigo, seja ele de 1, 2 ou 10 pessoas, mas nao quero 100 deixando "Legal! Manero!" nos meus comments, pois nao me acrescenta nada.

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